terça-feira, 28 de setembro de 2010

Imaginarium


Quando te conheci me deu vontade de escrever
De juntar tudo e remeter,
Tive a certeza de que nada mais iria perecer
E em toda direção que olhava só via amanhecer.

Quando te conheci dei pra querer ser pra todo mundo quem já era só pra mim,
Me deu vontade de aprender até latim,
Tudo e qualquer coisa que te voltasse para mim.

Te jurei amor à banguela,
Anunciei teu nome por entre as vielas,
Joguei fora minhas roupas de festa,
Fiz planos sem modéstia...

Quando te conheci sagrei-me tua por inteiro,
No frio de junho e no calor de janeiro,
Tinha ânsia de ser amor derradeiro.

Contigo envelhecer frente à uma lareira,
Ser tua morada para a vida inteira,
É como se para viver só houvesse essa maneira.
Pois para somente existir, só preciso de uma (a minha) vida verdadeira.






sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Na minha rua todos forjam a calma
Como se estivessem em paz com a alma
Como se não tivessem a pressa de ser feliz.

Na minha rua todos são tão frios,
É como se o mundo estivesse vazio
E o calor que preciso se encontrasse perdido na correnteza de algum rio.

Na minha rua todos dizem ser felizes,
Mas não é isso que vejo estampado em suas cicatrizes,
Vejo que não sabem o que fazer das próprias raízes.

Na minha rua, sr. Dr. (meu amor),
Também é proibido sentir
Pois isso implicaria (por exemplo) em te pedir
Para nunca mais partir
E se apegar de vez a mim,
Como âncora firmada em um aquário sem fim.



sábado, 4 de setembro de 2010




"Relicário" é o manifesto do otimista que crê que o amor um dia há de vingar" 



Nando Reis.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010



Não foi a vida que quis assim
Já não sei o que faço com o que fizeram de mim
Nas auroras sempre põe um fim
Minh'alma resignada acata com um inquietante sim

Pior que uma teoria mal fundamentada
Pior que segurar o riso para não valorizar o contador de piadas
Pior que assumir que por completo estava errada

Não tenho como transpor para o papel toda minha dor
Não há fatores que me façam dizer que tudo acabou (há tempos)
Também não sei dizer como se chama o que  deveria ser um bom teor
Só sei dizer o porquê da não liberação de todo esse rancor.
É que todo esse sentimento um dia foi amor.



Sinto que a angústia está me vencendo
Sinto que esta vida está me perdendo
(ou seria eu que perderia?)
De algum tempo ainda precisaria...

Tempo para reaver os meus pecados,
Para experimentar sair de salto,
Para te provar que estavas equivocado,
Para te mostrar que você quem estava do lado errado
Para dizer tudo sem medo de quem ficará magoado
Para abandonar esse meio termo e causar fogo cruzado.

De tanto tempo ainda precisaria...
Não basta rotular com resquícios de covardia
É preciso que me digas de quanto tempo você também precisaria,
Mesmo que restassem poucos dias
E ainda assim te deixassem no frio.

Nada é tão difícil quanto justificar o vazio.