terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Apropria-te do que por direito é teu,
Me pede pra fechar os olhos 
E me diz provando
Que nunca esqueceu
Do todo de mim que um dia foi um pouco teu.

Não precisa fechar as janelas 
ou esperar por um dia de festa
pra dizer que o tempo que perdemos foi
tempo demais,
Pois eu lhe diria 
que ao contrário do espaço,
o time, meu caro
esse não volta, pois é raro demais...

Prefiro que não me digas nada,
A tua falta de fala e pose de sala
Me dirá tudo que preciso
Pra me convencer de vez 
Que tragar o cotidiano sem ti
é pior que desistir de viver antes do fim.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

[Sem]tido



Não faz sentido sangrar pelo alheio
Não faz sentido voltar pra quem nunca veio
Não faz sentido prostar-se à espera de um cometa
Mesmo que ele já tenha sido anunciado pelas sete trombetas


Não se pode prender-se invariavelmente à relatividade
Há momentos que exigem posicionamentos,
E os seus sempre me compram...


Porque não é preciso que haja retórica, oratória, e muito menos sentido para que sangremos pelo alheio.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Life is loop!

Ele diagnosticou que a receita para a felicidade é viver um dia de cada vez, e receitou que é preciso valorizar as coisas simples da vida, o que se tem perto do colo, o que é nosso independentemente das circunstâncias. Mas ela não acreditava nisso. Ela acreditava piamente que somente ele, o autor das receitas, poderia em sua essência, fazê-la feliz. Ela já o idealizava muito antes de tomar conhecimento que ele viria a ser real. Ela o amava antes de saber que em sua vida ele seria fatal. Mas, e se ele fosse impossível? Bem, nesse caso todo o resto se tornaria impossível para ela também, começando pelo seu estado de paz. Ela o desejava como deseja o poeta cansado à morte premeditada. Ela o pressentia como pressente o intuito das mães mais amáveis do mundo. O forte dela não era a relação com outras pessoas, essas em dado momento lhe negaram refúgio, mas isso não implicava em nada sua pulsão por ele. Era ele algo maior, superior, próximo do divino. E isso a fascinava, equilibrava, ao mesmo passo que desnorteava, alucinava. Agora era fácil se perder em devaneios em pleno meio dia, agora não se podia conter mais nada, inclusive os calafrios. Ela tinha a alma marcada, um tanto cansada, e talvez por isso escondesse dele e do resto do mundo, por entre versos mal rimados e personagens inventados, sua face mais bela. E pra ele isso era pecado. Pecado sem perdão, sem direito a defesa de vocabulário ou escapulário. E pra um sacrilégio desses, o inverso do amor ele receitou. Indiferentemente ele a tratou. Aos olhos dela, ele submergiu, transcendeu por entre a iniqüidade dos homens, e naquele momento ele não passou de um humano comum. E materializaram-se nela todas as dores do mundo, chegando a desejar a morte como fuga, sentiu-se a mais imortal de todos. E naquele momento ela o odiou, mas só por aquele momento...

[Continua...]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


É mapa, 
é trilha
é chão, 
uma só direção.
É passagem,
é viagem,
é sol em meio a estiagem.
É uma nascente
que banha 
e alenta.
Fujo, 
sigo,
driblo
E só há um sentido.
É um caminho que conduz
e uma vereda que seduz.
Tesesconsumadas.

Não tenho sorte no amor
Não será tão fácil sair de onde estou
Não queria ter em mim tanto rancor
Esperar o futuro foi o alento que restou.
Que o mundo reconheça que planta sem flor também tem raiz,
Que beleza só sacia o aprendiz
Que de nada irá adiantar fazê-la tua matriz
E que não há preço que pague um final feliz.





sábado, 9 de outubro de 2010

Dia 02/10/10

Texto retirado de uma conversa em um fim de noite (ou início de dia) com meu amigo Rodrigo.


- L. F. diz: Você preferiria amar ou ser amado?
- Rodrigo diz: Ser amado, e você?
- L. F. diz: Eu preferiria amar, quando se ama a criatura que está perto 
o resto do mundo não passa de um deserto. O outro se torna panacéia, e 
você insiste em com ele partir pra qualquer odisséia. Já quando se é amado
você se sente apenas confortável. E em nenhum outro contexto a confortabilidade
e a felicidade se encontram em opostos tão diferentes.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Imaginarium


Quando te conheci me deu vontade de escrever
De juntar tudo e remeter,
Tive a certeza de que nada mais iria perecer
E em toda direção que olhava só via amanhecer.

Quando te conheci dei pra querer ser pra todo mundo quem já era só pra mim,
Me deu vontade de aprender até latim,
Tudo e qualquer coisa que te voltasse para mim.

Te jurei amor à banguela,
Anunciei teu nome por entre as vielas,
Joguei fora minhas roupas de festa,
Fiz planos sem modéstia...

Quando te conheci sagrei-me tua por inteiro,
No frio de junho e no calor de janeiro,
Tinha ânsia de ser amor derradeiro.

Contigo envelhecer frente à uma lareira,
Ser tua morada para a vida inteira,
É como se para viver só houvesse essa maneira.
Pois para somente existir, só preciso de uma (a minha) vida verdadeira.






sexta-feira, 17 de setembro de 2010


Na minha rua todos forjam a calma
Como se estivessem em paz com a alma
Como se não tivessem a pressa de ser feliz.

Na minha rua todos são tão frios,
É como se o mundo estivesse vazio
E o calor que preciso se encontrasse perdido na correnteza de algum rio.

Na minha rua todos dizem ser felizes,
Mas não é isso que vejo estampado em suas cicatrizes,
Vejo que não sabem o que fazer das próprias raízes.

Na minha rua, sr. Dr. (meu amor),
Também é proibido sentir
Pois isso implicaria (por exemplo) em te pedir
Para nunca mais partir
E se apegar de vez a mim,
Como âncora firmada em um aquário sem fim.



sábado, 4 de setembro de 2010




"Relicário" é o manifesto do otimista que crê que o amor um dia há de vingar" 



Nando Reis.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010



Não foi a vida que quis assim
Já não sei o que faço com o que fizeram de mim
Nas auroras sempre põe um fim
Minh'alma resignada acata com um inquietante sim

Pior que uma teoria mal fundamentada
Pior que segurar o riso para não valorizar o contador de piadas
Pior que assumir que por completo estava errada

Não tenho como transpor para o papel toda minha dor
Não há fatores que me façam dizer que tudo acabou (há tempos)
Também não sei dizer como se chama o que  deveria ser um bom teor
Só sei dizer o porquê da não liberação de todo esse rancor.
É que todo esse sentimento um dia foi amor.



Sinto que a angústia está me vencendo
Sinto que esta vida está me perdendo
(ou seria eu que perderia?)
De algum tempo ainda precisaria...

Tempo para reaver os meus pecados,
Para experimentar sair de salto,
Para te provar que estavas equivocado,
Para te mostrar que você quem estava do lado errado
Para dizer tudo sem medo de quem ficará magoado
Para abandonar esse meio termo e causar fogo cruzado.

De tanto tempo ainda precisaria...
Não basta rotular com resquícios de covardia
É preciso que me digas de quanto tempo você também precisaria,
Mesmo que restassem poucos dias
E ainda assim te deixassem no frio.

Nada é tão difícil quanto justificar o vazio.



sábado, 21 de agosto de 2010




Pobre do poeta magro
envolvido mais uma vez em um laço
que o faz jogar tudo para o espaço
remeter os demais ao acaso

Se escrever fosse terapia 
o poeta estaria liberto dessa agonia
que o resigna a melancolia 
de não aproveitar curtos dias

Alguém a traga,
a faça entender que não é preciso razão,
poetas são mesmo feitos de contradição.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010






Apaguei hoje o último vestígio seu,
já não queria mais ser posta à prova,
de fato, não existiam respostas.
Não valia a pena
Não existiram momentos grandes nem pequenos.
Sentimentos incompletos,
com pouco percentual de descrição
estão sempre em mim,
como uma nada sutil invasão
produtos de uma distorção
pobre quimera regida de pulsão
Não cabe mais em meu coração.



[Trecho remetido a ele]:
"Que os retalhos de minh'alma, apesar de desfeitos pela falta não se percam no vazio desta casa.
Quero todas as angústias que me pertencerem
todas as vitórias desfeitas,
todos os percalços dessa doce, já antiga, paixão."






Não é preciso contexto, é preciso apego.
Não é preciso acerto, é preciso ser feito.

terça-feira, 3 de agosto de 2010



É preciso reinventar a vida
ligar para os amigos
fazer um apelo
pedir um zelo

É preciso um pouco de atrevimento
para que não se perca tempo
afogando mágoas
que passarão a vida na escola de natação

É preciso muito amor
para que até mesmo a dor 
que não deve ser indolor
seja reinventada com atrevimento e amor.



domingo, 1 de agosto de 2010

"Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,
 desde as três eu começarei a ser feliz." 

A pressa de fazer e a mania de perfeição
O descanso e minha mãe fazendo pressão
A solidão e o pânico de um arrastão

Quero aprender a surfar
Inventar uma nova maneira de estudar
Proliferar uma forma rudimentar de beijar
E da rotina escapar

Quero sair pelo mundo e me aventurar
Com toda mente elevada que um espírito possa comportar
Aonde a globo não possa me alcançar
Aonde possa estudar psicologia e deleitar

A vida será um dia de sol e uma noite de lua,
onde minha boca e a tua
dará louvor a natureza nua

Vem sem pressa,
Mas vem e me leva,
Depois é só pagar a promessa
Que um dia foi feita à força de tanta reza.

sábado, 31 de julho de 2010

Eu não existo sem você.

"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim

Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe que a distância não existe

Que todo grande amor

Só é bem grande se for triste

Por isso, meu amor

Não tenha medo de sofrer

Que todos os caminhos me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"



Tom Jobim / Vinicius de Moraes

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nostalgia



O valor da simplicidade,
de tudo que só nasce uma vez,
que não floresce de mês em mês.

A nostalgia ganha espaço
e tudo que faço
me faz querer voltar ao tempo
em que andava descalço.

Para criança tudo é tão fácil
Fatores complexos se resolvem com abraços,
Neuroses se exterminam com choros
e o objeto de desejo pode ser menos que um doce.

Os bons momentos da vida não podem ser disperdiçados,
Caráter e financeiro não têem que ser relacionados,
Felicidade não se conquista parcelado,
"Eu te amo" não se paga com "obrigado".

O cheiro da alfazema
tudo que me marca e me lembra:
"Quanto mais simples a casinha,
mais sincero o bom dia."