quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Life is loop!

Ele diagnosticou que a receita para a felicidade é viver um dia de cada vez, e receitou que é preciso valorizar as coisas simples da vida, o que se tem perto do colo, o que é nosso independentemente das circunstâncias. Mas ela não acreditava nisso. Ela acreditava piamente que somente ele, o autor das receitas, poderia em sua essência, fazê-la feliz. Ela já o idealizava muito antes de tomar conhecimento que ele viria a ser real. Ela o amava antes de saber que em sua vida ele seria fatal. Mas, e se ele fosse impossível? Bem, nesse caso todo o resto se tornaria impossível para ela também, começando pelo seu estado de paz. Ela o desejava como deseja o poeta cansado à morte premeditada. Ela o pressentia como pressente o intuito das mães mais amáveis do mundo. O forte dela não era a relação com outras pessoas, essas em dado momento lhe negaram refúgio, mas isso não implicava em nada sua pulsão por ele. Era ele algo maior, superior, próximo do divino. E isso a fascinava, equilibrava, ao mesmo passo que desnorteava, alucinava. Agora era fácil se perder em devaneios em pleno meio dia, agora não se podia conter mais nada, inclusive os calafrios. Ela tinha a alma marcada, um tanto cansada, e talvez por isso escondesse dele e do resto do mundo, por entre versos mal rimados e personagens inventados, sua face mais bela. E pra ele isso era pecado. Pecado sem perdão, sem direito a defesa de vocabulário ou escapulário. E pra um sacrilégio desses, o inverso do amor ele receitou. Indiferentemente ele a tratou. Aos olhos dela, ele submergiu, transcendeu por entre a iniqüidade dos homens, e naquele momento ele não passou de um humano comum. E materializaram-se nela todas as dores do mundo, chegando a desejar a morte como fuga, sentiu-se a mais imortal de todos. E naquele momento ela o odiou, mas só por aquele momento...

[Continua...]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


É mapa, 
é trilha
é chão, 
uma só direção.
É passagem,
é viagem,
é sol em meio a estiagem.
É uma nascente
que banha 
e alenta.
Fujo, 
sigo,
driblo
E só há um sentido.
É um caminho que conduz
e uma vereda que seduz.
Tesesconsumadas.

Não tenho sorte no amor
Não será tão fácil sair de onde estou
Não queria ter em mim tanto rancor
Esperar o futuro foi o alento que restou.
Que o mundo reconheça que planta sem flor também tem raiz,
Que beleza só sacia o aprendiz
Que de nada irá adiantar fazê-la tua matriz
E que não há preço que pague um final feliz.





sábado, 9 de outubro de 2010

Dia 02/10/10

Texto retirado de uma conversa em um fim de noite (ou início de dia) com meu amigo Rodrigo.


- L. F. diz: Você preferiria amar ou ser amado?
- Rodrigo diz: Ser amado, e você?
- L. F. diz: Eu preferiria amar, quando se ama a criatura que está perto 
o resto do mundo não passa de um deserto. O outro se torna panacéia, e 
você insiste em com ele partir pra qualquer odisséia. Já quando se é amado
você se sente apenas confortável. E em nenhum outro contexto a confortabilidade
e a felicidade se encontram em opostos tão diferentes.